Existem notícias que nos deixam sem reação, assim meio atordoadas. Nem sempre estamos preparados para as ouvirmos, mas elas chegam do outro lado do telefone sem pedir licença. Não é connosco mas ainda assim sentem-se bem cá dentro.
amiga, estás sentada?! ... tenho um tumor na mama direita e é maligno. vou ser operada na 4ª feira. vou fazer radioterapia e depois logo se vê.
Pocuro manter a calma, dar um ar de naturalidade à coisa, ar esse que não existe mas tentamos por ela, para lhe dar força. Voo para casa dela, quero abraça-la, dar-lhe milhões de beijinhos. Dizer que a amo e que é especial para mim. No meio de vozes de crianças que nos arrancam da realidade acabo por simplesmente por ficar ali, só para a fazer sentir que é assim que quero estar, sempre ali...
É verdade que nem sempre perdemos tempo a dizer aquilo que sentimos, e é tão importante pois é tão bom sabermos-nos queridos. Ela é uma amiga, uma guerreira, alguém que te pega no colo quando precisas, que te faz sorrir e que trata os teus filhos como se fossem dela. alguém que faz parte da tua vida à tanto tempo que não te lembras que não esteve lá deste sempre. Alguém que não é de meias palavras, que te diz aquilo que precisas de ouvir mesmo quando não é bem aquilo que queres ouvir. Alguém que apesar de ser mais velha, partilha contigo livros, cheiros, histórias e lugares. Sei que vai estar aqui por muito tempo, pertinho de mim, á minha beira. mas hoje apeteceu-me dizer... gosto de ti.
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