os dias dela passam mais longe que perto de mim. não consigo deixar de me sentir um pouco triste por isso. as horas que passo sem ela são mais do que as que passo com ela. fico feliz porque mesmo assim ela gosta de brincar comigo. quando chegamos a casa pega na minha mão e diz logo "vamos bincá?!" "anda mãe, shenta aqui" e dá umas palmadinhas no chão. é uma voz doce e irresestivel. lá bebemos chá a fingir lá ela me faz o jantar imaginário e ficamos as duas entregues a este mundo do faz de conta, tão cheio de magia.
adora desenhar, mais do que pintar. faz muitas bolas, bolinhas e espirais. agarra muito bem no lápis e sabe o que faz! pede-me sempre para desenhar o sol e a lua. não há desenho sem o sol e a lua ao lado um do outro... derreto...
como nem tudo é ouro... as birras são uma constante. todos os dias inventa novas maneiras de espressar as birras sempre acompanhadas do fiel choro e das lágrimas que correm reais. é uma verdadeira atriz! consegue chorar sem ter vontade, puxa o vómito para impressionar o público e eu já não sei o que fazer... isto deve passar...
noto nela a vontade de ter um irmão/ã. ela costuma dizer que o irmão dela é o gabriel mas no outro dia fez uma festinha na minha barriga, olhou o meu umbigo, apontou e disse "mano". não filha, por aqui não há manos. não por falta de vontade mas mesmo por falta de outras coisas...