a merda da crise

que me desculpem o palavreado mas estou mesmo "de saco cheio" desta fase que mais parece permanente do que passageira.

não é para todos, não chega a todos ao mesmo tempo nem afeta da mesma forma. a minha granada foi solta ontem no meu colo quando o pedro chegou a casa. "Não recebi nem tem previsão para quando vai ser." esta frase já entrou em muitas casas, estou certa disso, mas na minha entrou ontem e doeu. doeu porque as contas estão à espera de serem pagas, porque os ordenados são contabilizados os dois para o nosso dia-a-dia. doeu porque não gosto de dever a quem quer que seja e não quero sequer pensar que não vou conseguir pagar a escola dos miúdos ou não ter o que lhes dar de comer. eu não comer que se lixe! até me faz bem, pode ser que perca uns quilinhos mas eles...

por segundos arrependi-me de ter tido outro filho (foi só por 2 segundos) e depois chorei.

não me considero uma pessoa de baixo astral, que se abate facilmente nem que baixe os braços por qualquer coisa mas ontem precisei de chorar. e chorei durante o tempo que me apeteceu. lavei a alma e a cara e agora vamos à luta. dar a cara por uma crise que sinto que não é minha. que sinto que ma impuseram sem qualquer respeito e sem dignidade. que nos continuam a vir ao bolso e que só exigem sem nada dar em troca. que me apetece ir para a rua gritar e manifestar o meu desagrado, que estou cheia de garra para participar num novo 25 de abril! é pena que sinta que o resto do povo não me acompanha. que se habituou a lamentar e a resmungar pelos cantos mas que se resigna ao seu fado sem repostar. tenho pena... e a crise neste momento é uma coisa que me assiste e dói muito. dói mas não verga. não sei se não é desta que vamos para terras de vera cruz tentar a sorte. é mais real essa hipótese deste ontem ao fim do dia.